28 de julho de 2010

Meniscos à parte.


Ninguém precisa ler isso!

É... Depois de um tempo as coisas ganham outras proporções. Quando sofri a 1º lesão de joelho, achei que fosse normal, que todo cara que levasse bola mais a sério passava por uma dessas na vida... Foi quando eu conheci o tal do menisco... Menisco Medial! Rompi o ligamento cruzado e recebi a lesão no menisco de brinde. Até então, achava, com todo respaldo em consultas superficiais no google, que o bicho papão era o tal ligamento cruzado anterior mesmo. O menisco seria só um probleminha facilmente resolvido. O primeiro médico que passei fez a "brilhante" opção de fazer cirurgia apenas para o menisco e deixar o ligamento rompido porque dizia que a ruptura era pequena... Ele não queria acreditar que futebol era tão importante p/ mim.... Operei, deu tudo certo nos primeiros meses de recuperação, mas nada de estabilidade... Pelo contrário... Foi aí que bati numa segunda porta e ouvi que o meu primeiro médico fez a opção, totalmente, equivocada. Meses depois lá vou para uma segunda cirurgia... Dessa vez para refazer o ligamento cruzado. Muita dor no pós-operatório + 3 parafusos na perna de brinde e uma recuperação chata de se passar... Mas o ligamento segue aqui - firme e forte! O problema é que ao final da cirurgia o segundo médico relatou que teve que retirar outra parte do menisco que estava completamente lesada... Restou 10% p/ sustentar toda minha vontade de voltar a jogar novamente...
Gelo... Fisioterapia... Academia... Restrições ao futebol, corrida, esteira e etc... Dieta, fome e ainda muita vontade de voltar... Por ironia do destino a academia que malho fica em cima de dois campos onde uma parte dos meus antigos amigos de bola sempre vão e ficam perguntando se volto ou não, enquanto outros só falam de coisas que eu fazia há 5, 10 anos atrás... Imagine aí deixar de fazer um troço que você fez a vida toda desde os seis, sete, oito anos, toda semana, levar a sério, ter viajado p/ vários cantos atrás disso, ter uma coleção com todas as camisas 10 que já usou, histórias e mais histórias, ter moldado boa parte de tudo que o cerca nisso e, de repente... Booom. Já era!
Tenho focado em conseguir o melhor que puder... Perdi 3 KG em duas semanas, quero perder mais 7 (sem esportes isso é muito complicado), tenho ido todos os dias na academia e to aqui angustiado sem saber se esse bendito menisco vai parar de doer ou se vou conseguir uma resposta mais eficiente na medicina. O fato é que todos precisam zelar por um bom joelho... Quando sofri a lesão (março de 2008), tava bem, com peso ideal, jogando duas competições no alto nível, salão e socyte, cheio de convites legais na bola, e mesmo assim deu no que deu... Fiz a merda de tentar jogar com joelho lesado e fui só piorando e ganhando peso... Não dá p/ brincar com saúde... Naquele vídeo narrado pelo Pedro Bial sobre o "Filto Solar" ele menciona sobre cuidar dos joelhos... Não é à toa...
Outro dia fui na fazenda de um amigo meu em outra cidade e chegando lá encontrei um cara de uns 22 anos que disse que me conheceu jogando bola... Isso tem acontecido mais e mais. Depois que você para todo mundo fica mais generoso e fala com você porque não vai soar estranho elogiar. Então, ele falou muitas coisas que eram p/ fazer com que eu ficasse feliz... O problema é que ele falava de mim como um finado, uma lenda, um museu.... E isso tem doído. As pessoas falam de mim e do futebol como coisas que não podem mais ser associadas. "-Tu ainda quer jogar? Tá louco!". Mês passado tentei voltar a jogar e fico sempre muito discreto (bem diferente de antes), peço p/ ir pro gol, p/ não ter que correr, e sentir aquele climinha de bola, ainda que seja só p/ dominar e tocar de lado... Até aí tudo bem... O problema é o tal do ego da bola... Enquanto você tá num meio onde todos conheceram seu verdadeiro futebol é uma beleza. Uma zona de conforto. Agora o contrário é uma facada! Numa dessas brincadeiras, um menino de uns 17 anos veio numa dividida de ombro e caiu fora do campo. Olhou p/ mim e falou: - Quando o cara não sabe jogar faz isso... (Foi jogada normal de bola, mas a pelada era ridícula, só de gente que só joga em lugar pago - a minha realidade agora só cabe nessas duas alternativas) Mas, Êh... FDP! Deu vontade de ser o Forrest Gump e sair correndo com os parafusos pulando p/ todo lado. Quem não sente falta de ser bajulado é porque nunca foi... Hoje, o que mais faz com que eu fique feliz é alguém que venha dizer que ia no fiqueninho pra me ver ou que lembra de algum lance específico ou pra falar qualquer coisa, até que me odiava, qualquer coisa tá valendo... Eu sempre quis bater e dar um trato diferente na bola e tenho orgulho demais disso. A bola foi a coisa que fiz melhor na vida - de longe. Eu me imaginava até os 60 anos suando num campo ou quadra e voltando cansado p/ casa. Fico arrependido por não ter ido nas vezes que tive chance de seguir em frente e ir pra um clube. Seguir carreira, dar a cara a bater. Tive duas grandes oportunidades e, junto com o medo da minha mãe, acabei não indo.
Hoje, to mal por dentro. Passei um ano evitando ir em estádio, ver futebol na TV, manter muito contato com meus amigos de bola... Foi só bater a ilusão de duas semanas tentando jogar que voltou tudo! Só foi chato perceber que do jeito que era pelo jeito não vai ser nunca mais... Só queria mesmo era voltar a brincar, jogar uma vez por semana, poder correr bem sem ter que conviver com gelo e remédio. Enfim, acho que se tudo der certo p/ mim e eu pudesse voltar a brincar pelo menos, o nome do meu filho seria Menisco, Menisco Oliveira, porque só assim vou poder cuidar bem dele começando do zero. Tá, é brincadeira, caso a mãe do meu filho esteja lendo. Volta e meia assisto uns vídeos que tenho da época que jogava e fico meio feliz e meio zangado. É foda! Enfim, pelo menos a academia virou rotina. Numa dessas esqueço da bola e passo a ser um desses caras que fica falando do tamanho do braço... AFFF! Enfim, lá vai eu sonhar jogando bola de novo... Independente de qualquer expectativa, agradeço a Deus por cada segundo inesquecível que vivi dentro desse mundo boleiro e por tudo que ele me proporcionou.

4 de julho de 2010

O Brasil foi Laranja...


Acabou! O sonho durou cinco partidas e outra vez o Brasil foi desclassificado nas quartas-de-finais... O resultado tão contestado de 2006 foi repetido. Mas dessa vez com uma nova bandeira... Outros conceitos... E nessa história, mais uma vez, o Brasil foi "O Laranja". A Copa de 2006 foi o ápice do "auê", talvez, da história de todo o futebol mundial... Nunca uma seleção foi tão comercial, tão "já ganhou", teve tantas estrelas, mundialmente, conhecidas como a do mundial passado. A constelação tinha: Ronaldo, "O Fenômeno" (três vezes "melhor jogador do mundo" escolhido pela FIFA e, até hoje, o maior artilheiro da história em Copas do Mundo - 15 gols); Ronaldinho Gaúcho (melhor do mundo em 2004 e 2005 - quase um "E.T" do futebol na época); Adriano "O Imperador", melhor atacante da Série A do Campeonato Italiano e artilheiro do Brasil na Copa América e Copa das Confederações; Kaká, jogador sensação do campeonato italiano e escolhido no ano seguinte, 2007, melhor jogador do mundo. Melhor parar só nos quatro grandes nomes apelidados de "O quarteto mágico"... Enfim, o resto da história todos conhecem... E por que lembrar??? Porque o fracasso de ontem respingou no atual... O Brasil de muitos craques em 2006 não poderia ter estrelas em 2010... Essa parecia a receita óbvia, e cega, do sucesso. A seleção agora deveria buscar um grupo não de grandes nomes, mas de pessoas dignas e comprometidas com o espírito coletivo... O certo é que as verdades do futebol nascem muito dos resultados, se ganharem os envolvidos estão certos, se perderem são ignorantes... O radicalismo da análise feita em 2006 deu no que deu em 2010. O "REVANCHISMO" fez o Brasil ficar alaranjado em uma das lições mais claras que o futebol ofereceu nos últimos anos... Quando o jogo estava 2 a 1 p/ Holanda e o Brasil ainda poderia fazer mais uma substituição p/ tentar reverter alguma coisa... Dunga olhou p/ banco e viu um conjunto de homens "dignos", mas que naquele momento não ajudariam muito... Então, de que serviu o "revanchismo"? Será que Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho, Ganso e Neymar (os dois últimos por não terem sido convocados em nome do tal comprometimento que os homens dignos de Dunga tiveram durante os quatro anos de preparação) seriam nomes inferiores, futebolisticamente, aos que estavam ali sentados? 
Fiquei irritado com isso durante quatro anos assistindo um Brasil "meia-boca" jogando e, de fato, vencendo com um futebolzinho fraco seus principais jogos... Só não esperava vivenciar um soco tão forte nessa ideolodia de dignidade acima de qualidade como foi em 2010... O Dunga fechou os ouvidos para tudo e para todos, desperdiçou a chance de ir mais forte para uma copa em nome da cabeça dura e o problema  doeu em todo o país. Foi foda! Nossa seleção dependia de Kaká, Robinho e Luis Fabiano inspirados todos os dias possíveis - nem sempre é assim... É pouco p/ nossa camisa. Kaká já não joga bem há um ano e vem de sérias lesões, não tinha um substituto a altura e ainda assim ele, Dunga Burro, fechou os olhos p/ Ganso... Jogador que o Brasil inteiro pediu em coro. Tudo em nome de um Julio Batista que na hora que  poderia ser usado, no momento de fazer a 3º, e última, substituição da copa naquele jogo, simplesmente, consentiu com a insuficiência de criatividade... Essa foi a lição! Morreu abraçado com o que o Brasil todo anunciou... "Kaká tá mal e não tem reserva...", "Felipe Melo vai ser expulso em algum jogo...", "Esse time não tem reservas de qualidade...".
Foi complicado ver a Holanda jogar um futebol parecido com o nosso ideal de habilidade, toque rápido, tranquilidade, "cozinhar o galo", movimentação e etc... A Holanda foi mais "Brasil" e, também por isso, o Brasil foi laranja... Tenho certeza que essa renovação que será feita no pós-copa contará com nomes desse time do Dunga e que retornará a buscar os talentos brasileiros que prezam pelo bom futebol. Afinal, nosso esporte nunca foi dignidade, companheirismo, justiça e etc... São conceitos que devem estar presentes em todos os segmentos é verdade, mas antes deles existem outros tão importantes quanto dentro de quatro linhas: habilidade, técnica, criativiade, ousadia, TALENTO! O Brasil escreveu sua história no futebol dessa forma e é lembrado pelas cinco estrelas que carrega no peito por esse legado... Com certeza se a seleção contasse com Ganso, Neymar ou Ronaldinho Gaúcho, ou pelo menos um dos três, o jogo contra a Holanda não teria sido de tanta covardia, impotência, debilidade... Perdemos como time pequeno que vê a derrota a sua frente e baixa a cabeça por acreditar que nada pode fazer... Torço muito por Kaká, Robinho, Daniel Alves, Maicon, Julio Cesar, aposto nesses cinco nomes como os que poderiam continuar sendo os pilares da nova geração à caminho de 2014. Uma coisa é certa, sem revanchismo, o legado dessa copa será o de que nunca devemos esquecer os grandes talentos... O futebol em determinado momento vai perguntar por eles... E quando esquecemos a polpa... Voltamos com o bagaço! Numa dessas o Brasil foi laranja...