Há quanto tempo você não se enxerga sem precisar de espelho? Talvez, seja esse o começo de tudo. Conhecer mais de si. O ser humano vive em constante mudança, seja de grupo social, experiências vividas, planos que precisam ser refeitos e conceitos que caem por terra para que outros brotem. É ou não é? É! Mas e o que acontece com o que o ficou? O que se promete ao que virá? São perguntas silenciosas que acontecem de tempos em tempos das mais variadas formas. É a adolescente que vira mãe e precisa rever seus hábitos, é o sujeito que perde o emprego e vê sua vida comprometida pela ausência de outras possibilidades imediatas, é a mudança de cidade desprogramada, quem sabe até mesmo a conquista da independência finaceira - precoce ou tardia. Sempre enfrentamos conflitos que nos levam a questionar: por onde fui, onde estou e para onde quero ir... Passado-Presente-Futuro. Esse é o questionamento que, talvez, molde esse sentido genérico aplicado ao título "identidade".
Quem, em um grau considerável de exigência, pode enumerar dez grandes amigos? Na hora da conta você vai perceber que com alguns selecionáveis você, na prática, já não conta há algum tempo, não é verdade? São aqueles que parecem ter lugar cativo. Não precisam aparecer para que se saiba que estão lá. Até porque já construíram sua reputação e zelaram pelo espaço. E nesse espaço cabem quantos mais? Como perceber ou mesmo quantificar as novas pessoas que surgem em nossos caminhos e que, de fato, atualmente, são tão importantes quantos outras que já passaram por nossa trilha? É difíci perceber que muito do que somos e reflexo do que influencia ao redor... Muito! Seja a forma de expressar, de agir, aceitar, questionar, moldar-se ao ambiente e etc... É toda uma legitimidade do que já chamaram de determinismo social. A nossa identidade é em boa parte dos outros. É uma verdade confusa, mas que se revela perceptível.
Algumas pessoas servirão como pilares. Em certos momentos serão resgatadas para que isso lembre a você do quanto estava esquecido sobre o que lhe moldou. São pessoas capazes de fazer previsões sobre seus novos passos e até de atitudes que nem você julga que seriam tão evidentes. Essas pessoas não conseguiram um status desses de uma hora p/ outra... Elas nos acompanharam em diversos dos momentos citados em que as coisas parecem escolher novas perspectivas e nos assistiram quase que como um Show de Truman. Isso não acontece sem tempo. E é aí a beleza do tempo. Ele se legitima por si só. Mesmo que, às vezes, deixado de lado, naquela vaga cativa, longe do que ocorre de fato.
Quando foi tomado por lição o: "diga-me com quem andas e direi quem és", esqueceram de mencionar que o "diga com quem já andou" importa quase que em mesma proporção. Nesse contexto, reincidência é um termo que vem acompanhado de elogios, ou não, depende de como foi dada a convivência. É aí que a vida apresenta algumas verdades: você pode chegar ao doutorado, mas seus amigos, provavelmente, serão os do ensino médio; você pode conhecer novas pessoas e acreditar que elas lhe preencherão, isso não vai durar tanto; você pode sumir de alguns conhecidos, só que os que são mais que isso não sumirão de você. Parece um movimento pendular... A barca! É isso que vai moldar a todos nós com o passar dos anos. Até porque os novos contatos não deixarão de participar com destaque - e nem devem. Só que com o tempo mudarão cada vez menos o que somos... Afinal, muito já foi somado e apagar um desenho para recriá-lo é bem mais complexo do que contribuir com um contorno mais adequado em uma obra já iniciada.
Nessa perspectiva de longevidade, novos hábitos, cultura geriátrica e etc. É bem fácil que possamos agrupar um número incontável de pessoas que serão lembradas para sempre e que serao marcadas pela identidade que também ajudamos a criar em si. Então, o resumo é: você colhe aquilo que planta... Não é, simplesmente, conquistar um espaço e virar um senhor feudal. É saber dividir a vida com quem vem e com ainda está. É saber graduar e conferir os graus exatos dos papéis que ocuparão em nossa identidade dividida... Consentida. É ver beleza no tempo ou deixar que o tempo leve aquilo que não vai refletir bem. Identidade é o sotaque que empregnamos, as fases vividas, as pessoas que passaram, o espaço deixado para o novo e o pouco que podemos contribuir, voluntariamente, com essa construção... Valorize a sua.
Aos amigos.
Arn.
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