21 de outubro de 2010

Sohnimac


Há tantos quantos forem plantados e outros mais que se fizerem colhidos
Ninguém sai ileso quando caminha ao escuro - todo percurso é assim
Alguns sabem por onde seguir e se aglomeram por intuição
Não olhar para trás é um crime sem volta, punição tácita.

A vida insinua que algumas pegadas se cruzarão por descuido do tempo
Outras serão apagadas ao nascer de um novo calor
Não se pode descuidar por completo daquilo que lhe molda
Afinal, o caminho não se percorre só, nem mesmo da partida.

Quando o leme foge ao rumo traçado, não o faz por escolha
Faz por imposição. Tantos ambientes quantos fossem não bastariam
A verdade é silenciosa e discreta. Tem vontade própria em dor alheia
Por que fugir ao caminho da gratidão recebida?

A alma tem anseios intraduzíveis, por isso, apenas sentidos
Quando escolheres um caminho, faço-o para além de um tato ou visão
Ainda assim, não se revire como um nada percorrido. Um nada visitado
Boas novas serão repetidas em ciclos, porém, inevitavelmente, alguns se fecharão.

Abrace-os o quanto antes. Sem descuidar os olhos daquilo que o desperta.

Arn.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Acabei de publicar no meu face uma frase do Mario Benedetti usando essa mesma imagem do teu post.
    Quase coincidência, não fosse a mãozinha do Google.
    Chega a ser espantoso ler um texto tão perfeitamente concatenado às cores da pintura e ao inconsciente coletivo. Teu olhar raro, aliado à tua delicada e franca capacidade poética descrevem o que aos comuns só é permitido sentir. Parabéns! =*

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  3. Maravilhoso! Parece dança o seu poema.

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