24 de junho de 2010

Shosholoza (Hino informal da África do Sul)



A música mais popular da África do Sul tanto nas grandes cidades como nas áreas rurais quanto na voz das crianças como na dos mais velhos. Nos comícios políticos e jogos de futebol, onde é sempre um dos principais hits. Shosholoza parece trilha sonora obrigatória em qualquer evento com mais de cem pessoas por aqui. Entre os negros, não há quem não saiba cantá-la. Virou um hino, quase um mantra. Em parte porque tem apenas duas estrófes (repetidas diversas vezes) e é fácil de decorar, pelo menos para quem fala Zulu ou outras línguas negras. Mas acho que ela se popularizou, principalmente, porque transmite um sentimento entendido mesmo por quem não faz a menor ideia do que diz a letra.
Shosholoza, em Zulu, quer dizer “siga em frente”, em uma tradução livre. Nasceu cantada por negros que trabalhavam nas minas. Fala sobre seguir em uma fuga em trens que partem da África do Sul, uma metáfora de quem sonhava, um dia, livrar-se da opressão. Ela virou, claro, uma canção anti-apartheid, mas transformou-se, sobretudo, num símbolo da cultura negra. Aos poucos deixou seu ar melancólico e virou sinônimo também de celebração. Difícil não querer acompanhá-la ao ouvi-la em um estádio lotado, mesmo sem conhecer a letra.

Link de vídeo com crianças cantando a música que é febre no país da Copa:


Shosholoza
Ku lezontabah
Stimela siphum’ e South Africa
Wen’ uyabalekah

Ku lezontabah
Stimela siphum’ e South Africa
 
Fonte: Viva Laduma (Globo)

22 de junho de 2010

Identidade



Há quanto tempo você não se enxerga sem precisar de espelho? Talvez, seja esse o começo de tudo. Conhecer mais de si. O ser humano vive em constante mudança, seja de grupo social, experiências vividas, planos que precisam ser refeitos e conceitos que caem por terra para que outros brotem. É ou não é? É! Mas e o que acontece com o que o ficou? O que se promete ao que virá? São perguntas silenciosas que acontecem de tempos em tempos das mais variadas formas. É a adolescente que vira mãe e precisa rever seus hábitos, é o sujeito que perde o emprego e vê sua vida comprometida pela ausência de outras possibilidades imediatas, é a mudança de cidade desprogramada, quem sabe até mesmo a conquista da independência finaceira - precoce ou tardia. Sempre enfrentamos conflitos que nos levam a questionar: por onde fui, onde estou e para onde quero ir... Passado-Presente-Futuro. Esse é o questionamento que, talvez, molde esse sentido genérico aplicado ao título "identidade".
Quem, em um grau considerável de exigência, pode enumerar dez grandes amigos? Na hora da conta você vai perceber que com alguns selecionáveis você, na prática, já não conta há algum tempo, não é verdade? São aqueles que parecem ter lugar cativo. Não precisam aparecer para que se saiba que estão lá. Até porque já construíram sua reputação e zelaram pelo espaço. E nesse espaço cabem quantos mais? Como perceber ou mesmo quantificar as novas pessoas que surgem em nossos caminhos e que, de fato, atualmente, são tão importantes quantos outras que já passaram por nossa trilha? É difíci perceber que muito do que somos e reflexo do que influencia ao redor... Muito! Seja a forma de expressar, de agir, aceitar, questionar, moldar-se ao ambiente e etc... É toda uma legitimidade do que já chamaram de determinismo social. A nossa identidade é em boa parte dos outros. É uma verdade confusa, mas que se revela perceptível.
Algumas pessoas servirão como pilares. Em certos momentos serão resgatadas para que isso lembre a você do quanto estava esquecido sobre o que lhe moldou. São pessoas capazes de fazer previsões sobre seus novos passos e até de atitudes que nem você julga que seriam tão evidentes. Essas pessoas não conseguiram um status desses de uma hora p/ outra... Elas nos acompanharam em diversos dos momentos citados em que as coisas parecem escolher novas perspectivas e nos assistiram quase que como um Show de Truman. Isso não acontece sem tempo. E é aí a beleza do tempo. Ele se legitima por si só. Mesmo que, às vezes, deixado de lado, naquela vaga cativa, longe do que ocorre de fato.
Quando foi tomado por lição o: "diga-me com quem andas e direi quem és", esqueceram de mencionar que o "diga com quem já andou" importa quase que em mesma proporção. Nesse contexto, reincidência é um termo que vem acompanhado de elogios, ou não, depende de como foi dada a convivência. É aí que a vida apresenta algumas verdades: você pode chegar ao doutorado, mas seus amigos, provavelmente, serão os do ensino médio; você pode conhecer novas pessoas e acreditar que elas lhe preencherão, isso não vai durar tanto; você pode sumir de alguns conhecidos, só que os que são mais que isso não sumirão de você. Parece um movimento pendular... A barca! É isso que vai moldar a todos nós com o passar dos anos. Até porque os novos contatos não deixarão de participar com destaque - e nem devem. Só que com o tempo mudarão cada vez menos o que somos... Afinal, muito já foi somado e apagar um desenho para recriá-lo é bem mais complexo do que contribuir com um contorno mais adequado em uma obra já iniciada.
Nessa perspectiva de longevidade, novos hábitos, cultura geriátrica e etc. É bem fácil que possamos agrupar um número incontável de pessoas que serão lembradas para sempre e que serao marcadas pela identidade que também ajudamos a criar em si. Então, o resumo é: você colhe aquilo que planta... Não é, simplesmente, conquistar um espaço e virar um senhor feudal. É saber dividir a vida com quem vem e com ainda está. É saber graduar e conferir os graus exatos dos papéis que ocuparão em nossa identidade dividida... Consentida. É ver beleza no tempo ou deixar que o tempo leve aquilo que não vai refletir bem. Identidade é o sotaque que empregnamos, as fases vividas, as pessoas que passaram, o espaço deixado para o novo e o pouco que podemos contribuir, voluntariamente, com essa construção... Valorize a sua.

Aos amigos.

Arn. 

20 de junho de 2010

Bra-sil-sil-sil



De início, sobre os países que apostei como prováveis surpresas, apenas Sérvia e EUA tem jogado um bom futebol, sendo que a Nigéria ainda pode conseguir a classificação se vencer a Coréia do Sul em seu último jogo no Grupo B. Camarões e África do Sul pelo jeito vão acompanhar o restante pela TV... Sem vuvuzela!

Sobre o Brasil... Todo primeiro jogo de Copa merece desconto, o importante é vencer e o Brasil venceu! Existia uma preocupação sobre o saldo mínimo da vitória, mas a equipe mostrou que tá com jeito de campeã ou pelo menos de um time que veio p/ ir longe... Vencer a Coréia do Norte por 2 a1 após um primeiro tempo apático foi o "feião com arroz" que serviu de alerta para a segunda partida. No jogo de hoje (Brasil 3 x 1 Costa do Marfim) o time entrou com outro espírito... Mordeu, brigou, atacou e defendeu bem...
Luís Fabiano mostrou que ainda é o mesmo atacante brigador e talentoso da época em que brilhou no Brasil em 2002 com a camisa do São Paulo, Kaká também apresentou a eficiência dos passes e o "contestado" Elano provou o porquê de vestir a camisa titular - só pra frisar, Elano é mais importante do que parece... A expulsão do Kaká apresentou um lado inesperado do camisa 10... Um Kaká juvenil... Craque que recebe milhões por ano, escolhido melhor jogador do mundo em 2008, não pode ficar "zangadinho", ofendido, "mufino" em partidas importantes... O craque tem que saber levar faltas e se sobressair em relação a isso... Se tivesse mais calmo, pelo menos um marfinense seria expulso após tantas entradas no meia...
Agora quem é "fodão" de verdade é o Lúcio... Poucas vezes um jogador vestiu a camisa verde-amarela com tanta raça. Não foge de uma dividida, independente do setor do campo em que esteja. É o coração do time... E o Robinho? Robinho jogou bem na estréia. Foi decisivo com o passe para o gol do Elano, mostrou personalidade com os dribles bem feitos e verticais. Nesse segundo jogo acabou abafado pela melhor atuação do Fabuloso e do Kaká juvenil. Ainda assim, deposito muita fé em um Robinho mais agudo, mais gingador, com jogadas para serem reprisadas pelo próximos quatro anos...
Quanto aos demais, Maicon merecesse o rótulo de melhor lateral direito do mundo. Michel Bastos segue fazendo bem a parte dele. Juan é Juan, zagueiro mais técnico não existe por aí... Felipe Melo... Aí já não sei... Espera-se muito mais de um segundo volante do que tem apresentado. Gilberto Silva tem feito boa copa... Até to surpreso com isso. Nem de longe sou fã do cão-de-guarda da nossa zaga, mas merece muitos elogios até o momento, sobretudo, pela segunda partida. Os reservas ainda não tiveram um papel importante, mas terão logo logo. O Dunga, apesar da antipatia, tem feito o dele... Só pecou em não ter retirado o Kaká juvenil de campo antes da expulsão... Tava na cara que ia dar nisso... No mais, é esperar o mata-mata. Sou mais Brasil. Só que futebol  bonito mesmo quem jogou, até o momento, foi a Argentina... Só que essa é uma outra história... Por enquanto, a seleção tem dado conta do recado e promete muito mais!

12 de junho de 2010

Invictus


No mês em que a África do Sul é o alvo de todos os holofotes, vale muito a pena assistir "Invictus" (EUA, 2009, Clint Eastwood). O filme trata sobre o mandato de Nelson Mandela (Morgan Freeman) no país pós-apartheid, o qual continuava sendo culturalmente e economicamente dividido. A proximidade da Copa do Mundo de Rugby pela primeira vez realizada no país, fez com que Mandela resolvesse usar o esporte para unir a população que ainda estranhava os primeiros passos na nova mentalidade. Sendo assim, convoca para uma reunião Francois Pienaar (Matt Damon), capitão da equipe sul-africana, e o incentiva com palavras e exemplos que serviriam de apoio para a que a seleção nacional sonhasse em ser campeã - o que não passava de uma uotpia um tanto distante. O título "Invictus" é inspirado em um poema escrito por William Ernst Henley, em 1875, quando estava no hospital prestes a ter sua perna amputada. O poema serviu de motivação para que Mandela pudesse superar os anos de prisão e também foi usado pelo presidente para o incentivo prestado.
É interessante acompanhar as cenas dos jogos da Copa do Mundo de 1995 (de Rugby) e dos detalhes de um país que procurava uma nova identidade em cada detalhe - desde a segurança do presidente que era realizada por guarda-costas negros e brancos, até a empregada doméstica negra que é convidada pelo capitão da seleção anfitrião para assistir a final no estádio Ellis Park. Ah, vou logo dizendo, você vai virar fã incondicional de Nelson Mandela e entender porque é uma das figuras mais respeitadas e influentes do mundo. Vai lamentar ele não ter comparecido na abertura da Copa do Mundo 2010 (de futebol) e torcer pelos "bafanas bafanas" - que na seleção de futebol 2010 só conta com um jogador branco no elenco, exatamente, o oposto da seleção de Rúgbi de 1995. Se o Nelson Mandela desse uma lida nessa última observação, puxaria minha orelha...
Invictus
(William Ernst Henley, em 1875)
Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate;
I am the captain of my soul.

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Tradução: André C S Masini
 
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

11 de junho de 2010

Haaaaaaaaaaja Coração (Copa 2010)


Começou a Copa! O futebol, ainda não. É claro que jogo de estréia é sempre uma tensão inevitável, mas "África do Sul 1 X 1 México" foi só uma pelada emocionante. A tal da Jabulani (bola da copa) parece que não é tão ruim quanto divulgada pelos jogadores no pré-copa, alguns chutes potentes foram disparadas e a variação do percurso nem pareceu desproporcional... Então, fim de "choramela" sobre esse assunto! Em relação ao Grupo A, parece que os "bafanas bafanas" podem até se classificar - muito mais pela empolgação que vem da torcida e por alguma jogada individual de dois ou três atacantes habilidosos que tem na equipe. Quanto ao México, tem bons jogadores, só que nao apostaria que seja um dos dois classificados. Aliás, nos dois bolões em que me meti, passam França e África do Sul.
Esses "bafanas bafanas" lembram o Santos do Robinho, Ganso e Neymar. Não pelo futebol, só pelas dancinhas mesmo... Fizeram apenas um gol, mas já tinham cinco dançando a coreografia... Quem bom! Quero ver se o Robinho também vai fazer as dancinhas do Santos caso venha a fazer algum. Só pra finalizar, foi um alívio essa copa ter começado... A mídia já tinha mais assunto pré-copa e já sentia até pena da jabulani por ter sido assunto por uma semana (manhã - tarde - noite).

Vou registrar alguns pitacos: Camarões, África do Sul, Nigéria, Sérvia e EUA classificam-se para as oitavas, com boas chances de Camarões e EUA chegarem nas quartas-de-final. Não acredito em muitas zebras nessa primeira fase e aponto esses cinco países como os que podem gerar algum cenário diferente nessa copa das vuvuzelas. Sobre o Brasil, acredito em uma final com a Espanha... Só que Inglaterra e Argentina vão dar sangue p/ destruir as duas favoritas. Então, HAAAAAAAAJA CORAÇÃO!

6 de junho de 2010

Coisas para se pensar "13:05" :


"Feliz de quem entende que é preciso mudar muito pra ser sempre o mesmo." (Dom Heldér Pessoa Câmara)
"Torna-te quem tu és". (Friedrich Nietzsche)
"A verdade é que não há verdade". (Pablo Neruda)
"Os dias, talvez, sejam iguais para um relógio, mas não para um homem". (Marcel Proust)
"Tolerância não significa aceitar o que se tolera". (M. Gandhi)
 
* Porque, somente, 13:05 entendemos com profundidade o que vem de dentro.

- Hummmmm, então, era isso...

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